sexta-feira, julho 4

Não tem jeito mesmo, isso aqui está definhando a olhos vistos. Após quase dois anos de blog cheguei praticamente ao limite, não encontro mais nada para acrescentar a esse monólogo enfadonho (é o meu estilo, fazer o quê?). Não estou para muita conversa, a simples idéia de escrever um novo post me causa desconforto. O contraste com o péssimo momento atual provoca uma saudade absurda daquela vidinha bucólica no sítio. Apesar de esmaecidas, as lembranças ainda estão vivas (perdão pelo uso indiscriminado de platitudes, é um velho hábito). Tirando o primeiro dia em que sofri ao tentar, em vão, dormir num quarto que mereceu o carinhoso apelido de "frigorífico", o restante foi ótimo. Ops, pensando bem... Mesmo sob risco de me indispor com os puristas da vida no campo, devo admitir que o aroma que se desprende do estrume é algo que não me apetece muito. Pronto, este foi o último senão. Sinto falta de uma porrada de coisas. De ser despertado de manhã pelos raios de sol que atravessavam a janela de maneira difusa; de abrir a janela e dar de cara com uma bela paisagem em vez dessa escumalha que vejo todo dia na rua; de caminhar na grama molhada de sereno recolhendo os pinhões que caíram durante a noite; de almoçar perto do fogão a lenha e depois morgar na rede; do silêncio absoluto, só quebrado pelo canto dos pássaros durante o dia; de ser rodeado na trilha por dezenas de borboletas enquanto ouvia o Pet Sounds no discman; de procurar por uma folha serrilhada que era a refeição favorita dos patos; do sotaque interiorano que eu já estava adquirindo por osmose; da disposição física e mental que desapareceu após o retorno à terra dos sufixos diminutivos; e se bobear, até daqueles morcegos chatos que ficavam guinchando no telhado.

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